Antigamente, dava-se bom dia até para cavalo e nem era por falar demais – era por cortesia mesmo. É do povo aqui do meu país sair conversando com todo mundo. É do nosso calor humano. Qualquer fila meio lenta que seja já dá margem para a formação de um grupo. Nos transportes coletivos ou qualquer lugar em que haja aglomeração de pessoas, até nos semáforos, no acúmulo de gente barrada na linha de largada das faixas de pedestres, surgem amizades relâmpago, algumas que até vingam através da rápida troca de contato para possíveis encontros. Às vezes, até um acaba fazendo parte do grupo de amigos do churrasco e do happy hour do outro. Eu já vi até amigo de rua virar compadre.
É do ser humano se aproximar, salvo alguns solitários e até ranzinzas que, por assim serem, já se mantêm afastados e até negam um bom dia. Mas, em geral, os encontros são sempre motivo de alegria—sejam os corriqueiros ou os eventuais que já não acontecem há algum ou muito tempo—trazendo as surpresas das transformações físicas oferecidas pelo tempo e das atualizações sobre a vida que se está levando, notícias de amigos, família e tal.
Mas com as redes sociais mudou tudo. É bom dia sem resposta, respostas sem bom dia, conversas iniciadas do nada como se estivessem continuando um assunto, contatos com pessoas que não se vê há muito tempo, sem a emoção do encontro, e até banalizando as saudades. E também a surpresa de ver, pela foto do perfil, que alguns não envelheceram, estão em perfeito estado de conservação, continuam com a mesma cara de muitos anos atrás, enquanto outros andam comendo bem ou cozinhando maravilhosamente. Muitos têm carros novos, motos, lanchas, jet-skis, viagens de avião, e a maioria está passeando pelo mundo afora, documentando e comprovando por selfies e fotos. Não sei de muitos que postem algo para mostrar que estão na pior, salvo um ou outro que calça a cara e pede pix por alguma causa.
Fora a exposição de conversas que dizem respeito a algumas pessoas e que, ao serem veiculadas nos comentários da publicação de uma postagem, são levadas ao público no grupo de amigos em comum (mas nem todos tão comuns), compondo a grande rede.
É osso. Eu prefiro um bom encontro presencial para pôr a fofoca em dia, matar as saudades e dar um abraço….
JVivanJr.
