Considerado por muitos fãs da banda, Arise é o quarto disco de estúdio da banda brasileira lançado em 25 de março de 1991 pela Roadrunner Records, gravado entre 1990/1991 no Morrisound Recording, Tampa Bay, Flórida com a produção de Scott Burns. Leia mais em “Esse Tal de Rock and Roll” com Alexandre Defente..
O álbum mantém o death/thrash metal técnico e brutal do álbum anterior Beneath the Remains, mas fica evidente que o som da banda estava evoluindo com toques experimentais e Arise mostra um Sepultura enveredando pelar música industrial, hardcore punk e percussão Latina.
Em Agosto de 1990, a banda viajou à Flórida para trabalhar no álbum e Scott Burns voltou a ser produtor e engenheiro de som, mas agora, com uma grande vantagem: o Sepultura estava em casa, o Morrisound era o estúdio devidamente equipado para gravar seu estilo de música.
A Roadrunner Records forneceu um orçamento que permitiu explicar os valores elevados na produção do álbum e isso permitiu, por exemplo, que Iggor e Burns passassem uma semana inteira apenas testando afinações no kit de bateria, com práticas do microfone.

Apesar de Andreas Kisser afirmar que Arise “tem muito da mesma direção” do LP anterior, em Beneath the Remains, era nítido que a música da banda estava mudando e ritmo rápido e brutal do Sepultura, estava um pouco mais cadenciado.
O baterista Igor Cavalera começou a usar ritmos mais carregados de groove.
Arise também apresentou as influencias do metal industrial na banda e artistas Einstürzende Neubauten, The Young Gods e Ministry era o que a banda estava ouvindo na época e, discretos toques de música industrial podem ser encontrados através do uso de samplers e efeitos sonoros.
O play inicia uma fase de utilização de percussão latina, juntamente com a bateria “tribal” que mais tarde veio a caracterizar a banda, que se revelou pela primeira vez na música “Altered State”.O namoro antigo da banda com o hardcore punk é evidente em “Subtraction” e “Desperate Cry”.
Um dia depois de terem acabado as gravações de Arise, o Sepultura iniciou uma pequena turnê com as bandas Obituary e Sadus. Foi o começo da maior turnê de promoção feita pela banda, algo que iria correr o mundo e durar dois anos, passando por 39 países entre 1991 e 1992, totalizando mais de 220 shows.
Em Janeiro de 1991, foram convidados para tocar no festival Rock in Rio 2 e a sua atuação foi vista por uma multidão de mais 70.000 pessoas.
Em 1991, antes de saírem do Brasil para começarem uma turnê europeia, o Sepultura se apresentou em São Paulo no dia 11 de Maio, na Praça Charles Miller (em frente do Estádio do Pacaembu). Os policiais militares locais esperavam cerca de 10.000 pessoas para assistir ao concerto, no entanto, apareceram 30.000, fazendo do controle da multidão tarefa quase impossível.
Seis pessoas ficaram feridas, 18 foram presas e uma foi morta a tiros. Uma semana antes, um jovem tinha sido esfaqueado e morto num concerto dos Ramones em São Paulo, durante uma briga entre headbangers e skinheads. Estes eventos tiveram um enorme impacto na mídia, repercutindo por todo o país e levando a população a criar um enorme preconceito contra o rock.
A tour que Sepultura fez com os grupos de thrash metal Sacred Reich e Heathen foi um sucesso entre a critica e pela primeira vez, conseguiram aparecer na capa da popular revista britânica de heavy metal Kerrang!
Quando excursionaram pela Espanha, a banda gravou o vídeo Under Siege, que incluía o seu concerto em Barcelona e entrevistas com os membros e depois da Europa, foram para a América do Norte com os pioneiros do grindcore Napalm Death, a banda nova-iorquina de hardcore punk Sick of It All e Sacred Reich.
O Sepultura acabou o ano com uma pequena turnê na Alemanha com o lendário Motörhead (do qual fizeram uma incrível versão de Orgasmatron, presente em Arise) e a banda de death metal da Florida Morbid Angel.
O grupo então conseguiu uma vaga em duas das mais procuradas turnês de rock no ano de 1992, uma com Ozzy Osbourne e outra com o na época influente Helmet.
Foram extraídos três singles de Arise: “Arise”, “Dead Embryonic Cells” e “Under Siege (Regnum Irae)”. O video para “Arise” foi filmado no Death Valley e mostra a banda tocando durante o dia com imagens de uma figura parecida com Cristo, pendurada numa cruz e usando máscara de gás.
O video foi banido da MTV America devidos às suas imagens apocalípticas e religiosas. Contrariamente, a canção “Dead Embryonic Cells” juntamente com o seu video, fez com que a banda conquistasse novos terrenos devido a uma ampla exibição na MTV. Arise recebeu elogios de uma grande variedade de fontes e na altura do seu lançamento, os grandes jornais brasileiros já conheciam a banda e as cópias que lhes foram disponibilizadas de antemão receberam boas criticas. Artur G. Couto Duarte do Estado de Minas, descreveu a paisagem sonora de Sepultura como “histórias de mundos estéreis onde reinam a doença, a fome, a tortura e a morte”. Sérgio Sá Leitão da Folha de São Paulo, apontou a evolução das habilidades da banda como compositores e chamou a atenção para a ocasional contenção dos músicos, beneficiando as suas canções como um todo.
As revistas internacionais também tomaram nota do lançamento de Arise. Semanários de enorme tiragem britânicos, como o Melody Maker e o NME, escreveram longos artigos sobre a banda, com muitos elogios.
Um jornalista do Melody Maker escreveu: “Sepultura é […] uma banda de metal brasileira que parece estar em vias de ficar grande – maior talvez que Slayer, os seus únicos e verdadeiros rivais.” Revista especificas daquele género também tiveram uma reação positiva para com o grupo.
A alemã Thrash elegeu Sepultura como a melhor banda do mundo, derrotando os principais candidatos Metallica e Slayer. Sepultura também foram figuras proeminentes nas maiores publicações de metal da altura, como a Kerrang!, a Rock Hard e a Metal Forces.
Através dos anos, Arise tem sido continuamente elogiado pela imprensa da especialidade, não apenas como um marco da carreira da banda, mas também para com o extreme metal em geral. Em Novembro de 1996, a revista Q disse que “Arise continuar a ser a sua marca de água de thrash, que parece um homem cheio de raiva a mandar ferramentas para dentro de um urinol enquanto lê o Livro das Revelações (Apocalypse).”
O contribuidor do site AllMusic, Eduardo Rivadavia, considera que Arise “envelheceu surpreendentemente bem” e que é “um clássico do death metal.” Dan Marsicano do site About.com, colocou Arise em primeiro lugar na lista dos melhores álbuns de Sepultura e refere que é “o magnum opus da banda, onde todas as peças se encaixam perfeitamente”.
Arise é um dos títulos incluídos no livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die (1001 álbuns que você deve ouvir antes de morrer), do escritor Robert Dimery e no livro Top 500 Heavy Metal Albums of All Time, do jornalista e critico de música Martin Popoff. Arise foi o primeiro álbum de Sepultura a entrar nas tabelas da Billboard, no número 119.
Também foi o primeiro a conseguir uma certificação musical — Arise ganhou um disco de ouro em 1992, por ter vendido 25.000 cópias na Indonésia. Em 1993, o álbum já tinha vendido mais de 1 milhão de unidades mundialmente. Em 2001, ganhou a segunda certificação: prata no Reino Unido, por ter ultrapassado as 60,000 cópias vendidas. Arise tem sido continuamente elogiado pela imprensa através dos anos, não apenas como um divisor de águas na carreira da banda, mas também para o metal extremo em geral.
SEPULTURA DO BRASIL!
Faixas
Todas as músicas compostas pelo Sepultura, exceto quanto anotado.
1. “Arise” Max Cavalera 3:19
2. “Dead Embryonic Cells” Cavalera 4:52
3. “Desperate Cry” Andreas Kisser 6:41
4. “Murder” Cavalera 3:27
5. “Subtraction” Kisser 4:48
6. “Altered State” Kisser 6:34
7. “Under Siege (Regnum Irae)” Cavalera 4:54
8. “Meaningless Movements” Kisser 4:40
9. “Infected Voice” Kisser 3:19
Faixas bónus (Edição brasileira/europeia)
10. “Orgasmatron” (cover de Motörhead) Würzel, Phil Campbell, Pete Gill e Lemmy 4:15
Reedição de 1997
11. “Intro” (instrumental) 1:32
12. “C.I.U. (Criminals in Uniform)” Katherine Ludwig Moses 4:17
13. “Desperate Cry (Scott Burns Mix)” Kisser 6:43
Sepultura
Max Cavalera – vocais, guitarra rítmica, baixo
Igor Cavalera – bateria, percussão
Andreas Kisser – guitarra solo, baixo (sem créditos), backing vocals
Paulo Jr. – baixo (creditado, mas não tocou)
Produção
Sepultura – produção
Scott Burns – produção, engenharia, assistência lírica e tradução
Andy Wallace – mixagem
Fletcher McLean – assistente de engenharia, assistência lírica e de tradução
Steve Sisco – assistente de engenharia de mixagem
Howie Weinberg – masterização
Henrique Portugal – sintetizadores
Kent Smith – criação de efeitos sonoros
Michael Whelan – ilustração da capa (“Arise”)
Tim Hubbard – fotografia
Patrícia Mooney – direção de arte
Don Kaye – notas do encarte
Carole Segal – fotografia
Alex Solca – fotografia
Shaun Clark – fotografia
Rui Mendes – fotografia
Bozó – logotipo tribal “S”