De olho nas eleições do próximo ano e buscando fortalecer o elo com militares e apoio do eleitorado conservador , o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) bateu o martelo e antecipou de 2026 para agosto deste ano a criação de mais 100 escolas cívico-militares.
A onda de implementação do modelo se expande para mais de 100 de escolas no estado de São Paulo arregimentando policiais aposentados sem formação acadêmica e pedagógica. O investimento tem um custo estimado em R$ 7,2 milhões para a contratação dos monitores militares nas unidades. Consultas públicas foram realizadas e inicialmente, 302 escolas manifestaram interesse no programa. Dessas, 132 aprovaram a implantação do modelo em suas unidades, enquanto 4 reprovaram e 166 não atingiram o quórum mínimo necessário para a votação.
Quórum : alunos maiores de 16 anos, pais e funcionários

Em Ourinhos a Escola Estadual Professora Justina de Oliveira Gonçalves, foi selecionada para implementar o modelo a partir de manifestação de interesse da direção da escola, a decisão, alvo de críticas entre educadores da cidade, foi tomada em abril deste ano após reuniões com a comunidade escolar, formada por pais, alunos e funcionários que deram quórum mínimo de 50% a proposta.
Tarcísio diz que o modelo cívico-militar promove disciplina, valores cívicos e melhoria no desempenho escolar, e que a presença de militares nas escolas pode contribuir para um ambiente mais seguro e organizado. A grande maioria dos educadores expressam preocupação com a militarização do ambiente escolar, argumentando que isso pode limitar a liberdade de expressão e o pensamento crítico dos alunos.
Questionam a eficácia do modelo em melhorar a qualidade da educação, defendendo que os recursos deveriam ser investidos no fortalecimento das escolas públicas tradicionais. Existem ações judiciais questionando a constitucionalidade do modelo que, claramente trata-se de uma pauta eleitoreira, ideológica, associada a valores conservadores .
Continência civismo, política e ética.
A previsão é de que haverá a designação de ao menos um monitor militar e um coordenador, ambos oriundos da Polícia Militar e subordinados à direção da escola. Conforme regimento interno previsto pelo governo para essas escolas entre as funções dos policiais estarão por exemplo, acompanhar a frequência dos estudantes e os horários de chegada à escola e poderão até fazer o papel de professores vão dar aulas sobre civismo, política e ética.
Os alunos vão ter que seguir uma série de novas regras, os meninos terão de cortar cabelos curtos e as meninas prendê-los em coque, trança ou rabo de cavalo. Não pode usar risquinho na sobrancelha cabelo colorido ou corte exóticos. A paquera e namoricos dentro da escola e arredores também são proibidos.
Regras e punições
Os estudantes também vão ter que usar um uniforme (farda) obrigatório que se não estiverem de forma correta vai ser considerado uma infração grave. Hastear a bandeira, cantar o hino nacional e até bater continência. A contagem de infrações vai funcionar da seguinte forma, os alunos vão ser controlados a partir de um sistema de créditos cada estudante recebe cinco créditos no início do ano que vão ser descontados à medida em que são constatadas infrações.
Piercings e alargadores de orelhas por exemplo é uma infração média e leva a perda de meio ponto. Além de perder pontos quem descumprir as regras poderá ser punido com a advertência verbal alteração de turno ou transferência de escola.
A grande pergunta que é feita por educadores neste momento é relacionada à qualidade de ensino, especialistas dizem que não há estudos que comprovem que esse modelo melhora o desempenho dos alunos. Ao invés disso eles dizem que o modelo acaba excluindo estudantes com dificuldades e em situação de vulnerabilidade .
De acordo com dados do QEdu a avaliação do ensino da Escola Estadual Justina de Oliveira Gonçalves pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), está classificada em 5,8 no Ensino Fundamental e 4,9 no Ensino Médio, enquanto os melhores índices pontuam em 7,9.